SOLITUDE FEV/2015

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"Pára o mundo que eu quero descer!!”

Assim foi meu final de 2014. 

E, no meio deste meu grito silencioso, surge – Salto do Yucumã ! – do guarani – “O Grande Roncador"

ou "O Grande Bramidor”. Sugestivo!!!!

Já havia sido convidada para uma “esticada” de moto até lá, mas não pude ir.

 do site - cotrijui.coop.br

Fui em busca, pesquisei.  Comecei organizar viagem. Elaborar roteiro....

Mas, claro, este seria só o objetivo inicial. Eu queria mais....

Convidei algumas pessoas para irem junto. Mas por motivos variados não aconteceu.

E pela primeira vez, em viagem longa, sem meu Guri Estradeiro.  Mas também com seu Apoio.

Mesmo com ajuda, foi dificil organizar a viagem. A todo momento a insegurança, o medo de

não conseguir, não ser capaz,....... batia à porta. Pensava em desistir!

Mas...., a vontade sempre voltava, firme:  eu vou!

Tentei outros roteiros mais perto, nada funcionava. O Yucumã me “puxava”.

E, assim, no dia 14/02/2015, 8:30h, moto carregada, eu devidamente paramentada, parti.

 

Como estava “escrito” – Fui só!!

 

                              

 

Como sempre, na saída, levei junto todo peso das dúvidas, apreensões, culpas pelas preocupações

em quem fica....... até que, finalmente,  o “cosmos” providenciou  o meu “ponto de descarrego”.

Mais ou menos em meio caminho entre  Santa Maria e Itaara, comecei a ter dúvidas se teria levado

documentos da moto. Este pensamento ficou tão insistente,  que parei para conferir.

Lógico, tudo certo. 

Mas deixei ali, naquele momento, todo o peso “extra”. 

Ali começava verdadeiramente minha Viagem.  Leve, tranquila, feliz.... 

Tudo podendo! Sendo capaz!

Viagem de poucas fotos.  A viagem maior foi para dentro de mim mesma.

 

                       

 

Primeira etapa da viagem – Santa Maria – Tenente Portela -  Salto do Yucumã

O salto do Yucumã está localizado no Parque do Turvo, Municipío de Derrubadas.

Em Derrubadas há apenas dois balnearios com cabanas (sem vagas) e camping .

Optei por ficar no hotel Aracê, na cidade de Tenente Portela onde cheguei em torno de 14 h.

Viagem calma, tranquila, como deve ser quando se viaja sem prazo e seguindo todo o trajeto

perto do céu.

Literalmente!

Estrada linda, sempre no “alto”, olhando as paisagens abaixo  e ao longe.

Perto do céu, também,  pelo  meu estado de espírito – paz, tranquilidade, confiança, leveza

Chegando a Tenente Portela.....

 

 

      

Tenente portela é uma cidade  bem simpática, tipo cidade de alto de morro. Ao virar em uma rua,

ela “despenca” morro abaixo. 

Estava totalmente calma. Sábado de carnaval.  No hotel, após descarregar moto, e me instalar, pedi um

sanduiche com suco, pois não havia almoçado. E, como estava cansada, uma sesteadinha básica e, depois,

sai para jantar.  Surpresas –chuva chegando e nada aberto na cidade!!  Nenhum lugar para jantar.

 

  

Em uma padaria, que já estava fechando, e os donos gentilmente me atenderam, comprei um pãozinho

e 4 fatias de queijo.  Como sempre carrego algum alimento  e água para emergências na estrada,

tinha comigo tomate seco,  Castanhas, café soluvel, adoçante – Feita a janta.

Como boa gaúcha,tinha o aquecedor elétrico para água do chimarrão. Café quentinho pronto!

 

                             

                             

Em tempo – já cheguei de volta no hotel abaixo de chuva. Noite deliciosa de dormir. Mas.....sem passear

na cidade e........E a ida ao salto no dia seguinte??

 

15/02/15 –domingo

Amanheceu dia meio feio, mas foi melhorando e o sol apareceu.

Conversando, descobri que, com a chuva,  a estrada dentro do parque do Turvo, onde se localiza o

Salto do Yucumã estava muito embarrada.

Como a visitação ocorre de quarta a domingo, teria que ir de qualquer forma e ver o que fosse 

possivel. (Descobri depois, que no periodo de carnaval funciona toda a semana.)

Preparei meu chimarrão, peguei algumas castanhas, e fui para Derrubadas.  Mais um trajeto no topo

do Mundo.  Paisagens maravilhosas. “ Enfeiadas” , para meu gosto, pela enormidade assustadora de

 lavouras de soja.  Como fica o equiilíbrio do  ecossistema local. - ??????????-

 

   E chegando a Derrubadas....

 Cruzei pela cidade, que tem indicações bem claras do trajeto a ser seguido ( o centro de informações

 Turísticas estava fechado), e fui direto ao Parque do Turvo distante uns 4 km .

 

   

Recebida com muita presteza e simpatia, adorei imediatamente o local – Mato, Natureza preservada!!

Fui informada, que o caminho até o Salto estava inviável, principalmente para minha moto.

2  carros e 1 ônibus já haviam ficado pelo caminho, tendo que ser rebocados para sair.

Visitei o Museu, orientada pelo Sr Sergio

  

    

Podem ser feitas 2 trilhas, sendo que uma, obrigatoriamente, com guia.

Fiz a trilha fácil, sem guia – que é o mesmo caminho dos carros.  

 

 

Na metade do caminho encontrei o pessoal do ônibus retornando a pé. Como eu já estava com uns 2 kg

de barro em cada pé, resolvi retornar com eles. 

                    

Eram de uma excursão de Porto Alegre. Todos muito simpáticos, já me adotaram.

Fiquei sabendo que há um jipe que leva as pessoas até o salto, ao valor de R$20,00/pessoa;

Como nem todos da excursão iriam, sobraria vaga. Já me candidatei.  Ficaria para a segunda viagem.

Como já eram 11:40h, eles foram almoçar em Derrubadas e eu fiquei no parque. Fiz meu chimarrão e

fiquei por ali curtindo o lugar. Como motociclistas sempre se atraem, logo um bom papo surgiu com

motociclista carioca que mora em Porto Alegre.  Ele foi fazer a trilha, e ao  transferir a moto para uma

sombra,  estranhei o barulho do motor. Fiquei preocupada e resolvi  retornar.

O salto ficaria para outra vez.  Afinal o Rio Uruguai estava muito cheio, calando, temporariamente, o

 Grande Roncador. 

                                                                                                                          Os efeitos de um temporal!

Aproveitei para almoçar em Derrubadas

          

 

Ao chegar no restaurante,  vi que o pessoal  do ônibus estava almoçando lá e, pela hora,

achei que haviam desistido.  Já estava quase indo embora, quando chegou o jipe para  pegá-los.

Não sei quando mudaram os planos. Fiquei só de “butuca” e , como muita gente desistiu de ir, acabou

sobrando”exatamente” uma vaga. Deixei moto na frente do restaurante e lá me fui, de volta , conhecer

o Salto do Yuccumã – de jipe -  Quem disse que o Cosmos não dá um jeitinho!!

Detalhe - Motor da moto não deu mais sinal de problemas. 

Os 15 km dentro do Parque do turvo já valem a viagem.  Um caminho no meio de mato nativo.  É perfeito.

 

 

Uma estrada de chão, de uma via só, que leva até um espaço onde se pode passar o dia, fazer churrasco,

 etc. Mas tem que levar absolutamente tudo. Como é uma reserva, nem água pode ser vendida ali.

O jipe que faz este trajeto, é da RKVturismo. Motorista, um guri, gente finíssima.

   

 Dali até o salto é mais uma caminhadinha de 220 m

Realmente o rio Uruguai estava super cheio.  Disseram que a última vez que o Salto pode ser visto, em

toda sua beleza,  foi no dia 28/12/14. 

 

Dificil imaginar, por baixo de toda esta água, aqueles enorme paredões de pedra. Belos e imponentes.

Mesmo, temporariamente calado, o Grande Roncador, mantém sua beleza, sua energia.......

Fica agora a vontade e a promessa de retorno para ver e ouvir o “Grande Roncador.

E.... Retornando a Derrubadas....

 

E, finalmente, o Salto!!!!!!  kkkkkkkkk. O único que consegui ver desta vez!

 Retornando a Tenente Portela

 

 Dizem que aqui é uma de grandes concentrações  indígenas, mas  não vi nenhum representante,

 nenhum local de venda de artesanato indigena aberto (se é que existe).  Me disseram que, talvez, na

 praça onde tem o Monumento ao Indio. Mas nada!!

Passeando por T.Portela...

              

    

 O único artesanato indígena que vi, foi na decoração do hotel. e de muiito bom gosto. 

                               

 

Ahh, postos de gasolina também, não funcionam no carnaval. Apenas um fora da cidade.

 

Um pouco do Salto do Yucumã. fotos emprestadas de outros sites. Só para deixar o gostinho,

a vontade de voltar...

                                                                                                                   im_da_cotrijui.coop.br

                                            blog_de_rotas_inova_itapiranga_saltoyucuma_blogderotas.com.br

 

Retornei ao hotel. Chimarrão. Improvisar janta e dormir para sair cedo no outro dia.

 

16/02/15 – segunda –feira - Segunda etapa da viagem - Tenente Portela - Santo Ângelo

 Acordar cedo, chimarrão rápido.  Café. Reencontro com o motociclista que encontrei no parque: estava

 hospedado no mesmo hotel. Bate papo, revisão geral moto,  carregar e sair.

 Dia lindo.  Continuo viajando perto do céu!

Todos lugares onde passava, informações que pedia....sempre muito bem atendida.  Apesar da surpresa

que sempre demonstravam ao ver uma mulher viajando só. (ihhh, e a minha viagem é bem pequena

perto do que outras gurias estão fazendo). Geralmente me chamavam de corajosa!! Será???

Assim, em torno de 11 h, parei para um café básico em posto de combustível antes de São Martinho.

 São Martinho......Perto de Santa Maria temos São Martinho da Serra.  Familiaridades!!

 Coincidências.....

 

Pretendia almoçar em Santa Rosa, onde cheguei em torno de meio dia.

 Dei umas voltas pela cidade. Abasteci, pedi informações........Fácil de se perder: os quarteirões não são

quadrados.....pelo menos na parte onde andei.

Acabei indo almoçar em Santo Ângelo, onde cheguei logo após 13h. Indo direto para a casa de uma tia,

matar saudades e descanso. 

                             

                      

    

    

     

                         

 

19/02/15 – quinta –feira -  Terceira etapa da viagem – Santo Angelo -  Jaguari

Pretendia sair bem cedo. Mas casa de tia..... café, completar óleo e carregar moto.....papo..papo...

Acabei saindo 10 h.

                          

Logo na saída já chuva se preparava...

Antes da rotatoria para Sâo Miguel das Missões a chuva me alcançou.  Calma...persistente.

Segui com tranquilidade,  até são Luiz Gonzaga,  decidindo se chegava na cidade ou não.

Como queria almoçar em Santiago e chegar na pousada em Jaguari, resolvi seguir viagem.

Todos haviam me avisado sobre o estado da estrada entre São Luiz e Bossoroca – totalmente

esburacada. Em princípio este seria meu caminho.  Mas.....

Ao cruzar no trevo de acesso a São Luiz Gonzaga, teria que pegar a esquerda para ir para ir a Bossoroca.

Vi (juro que vi. Kkkk) uma placa indicando seguir em frente.  Lá me fui.

Lá pelas tantas, quando cruzei por uma placa indicativa, percebi que estava indo a São Borja.

Chuva  sempre caindo....  Opção de quem anda a passeio: seguir em frente. Tudo é "festa".

Almocei em um Posto de combustíveis há uns 3 km de S.Borja.

Se a chuva aumentasse muito, ficaria em hotel por ali.  Como continuou calma, na rotatória de

acesso a cidade, peguei a BR 287, fui  até Santiago, onde abasteci, comprei mais óleo para a moto e

segui até Jaguari,  acompanhada, agora,  por um solzinho tímido, que junto a beleza da paisagem,

foi me abastecendo de energia . 

Cheguei após 16h na Reserva Cerro do Chapadão, localizada poucos km antes do acesso a Jaguari.

Parada estratégica para um descanso.

 

Instalada no chalé do sol, após enfrentar um trecho pequeninho de pedra totalmente solta.... Tenso!!.....

....conhecer as vizinha da cabana ao lado...... o chimarrão merecido.....fazer a jantinha na cozinha

comunitária da pousada – arroz com lentilhas. Delicioso

Anoiteceu com bastante chuva.  Noite perfeita para um bom sono.

  

 

20/02/15 – amanheceu com uma “baita” cerração, bem tipo “brumas de Avalon”.

Chimarrão mais prolongado, café da manhã com amendoas, e uma caminhada até a Casa de Pedra –

 quitutes rurais a beira da estrada, acompanhada da vizinha.

 O sol se apresentou em toda sua luz e calor. Caminhei bastante pela pousada. Almocei o que

Restou da janta anterior.....caminhei..... li.....chimarrão... papear com vizinhas e com dono da pousada..

   

    

    

 

21/02/15 – sabado – Acordei cedo, chimarrão, café, arrumar moto e bagagens, carregar, papear......

seguir viagem. Novamente 10h.  Valeu o descanso.

Resolvi entrar em Jaguari para conhecer. Um passeio rápido.

                        

 

Seguiria agora até São Pedro do Sul.

Poucos km  após passar pelo trevo de acesso a cidade da Mata, a moto simplesmente parou. Nada ligava.

Nem um “vrummm” fazia.  12 h.  Fiquei na beira da estrada umas 2 h esperando mecânico.

No “olho do sol”.  Nada de sombra nas proximidades. Solzinho aquecendo...... Ajeitei a moto e fiz uma

“barraquinha” colocando a jaqueta sobre o baú e o alforje, sentei no chão, encostada na moto e... 

esperei. Acompanhada por umas abelhas, e uma lagartixa verde que, seguidamente me olhava e se

escondia na vegetação.

 

Neste momento pude ver como tem pessoas pilotando motos e poucos Motociclistas.  Em 2h de espera

somente um motorista de carro, com “espírito de Motociclista”, entreparou e perguntou se eu precisava

de algo.  E confirmei a importância de carregar água nas viagens.

Mecânico chegou com camionete para levar moto.  Revisada para descobrir problema – fusível  queimado.

Lição – Não esquecer de levar fusível em próxima viagem!

Tudo resolvido. Segui viagem  até S. Pedro do Sul, onde fiz um lanche.  

Agora ficaria uma semana no campo. Reabastecimento total.

Segui até Dilermando de  Aguiar por estrada  asfaltada. Bem boa. Dali prá frente seriam 20 km de

chão: pedras soltas...terra.... areia – off-road total!! kkkkkkkk

E, lá me fui: pipocando......dançando.....moto "rabeava" nas pedras soltas.....os braços começaram a

reclamar a canseira. Mal pensei nisso.....areia....a roda da moto torceu, não consegui segurar.... lá se

foi para o chão.....

Até olhei ao redor....ninguém para me ajudar a levantar....mãos a obra!

Já tinha visto em vídeos na internet como fazer, mas nunca havia tentado. Chegou hora!

Tentei umas 3 vezes com moto carregada, não consegui. Descarreguei, tentei, tentei, até conseguir.

Ebaaaaa! Ergui a moto sozinha!!! Claro, fiquei um tempo com os braços "mortos", tive que esperar um

pouco para terminar o km que faltava para chegar ao meu descanso.

Vitoriosa!!!!! kkkkk

Fiquei no campo 1 semana. Descanso total.  depois retorno a S.Maria. De novo, os 20 km, off road!!

                       

 Mais um presente no meu Caminho!!!

Terminada então minha viagem maravilhosa. Viagem perfeita!!!

Sozinha, sem estar só! Acompanhada de mim mesma.  

Ainda meio perdida, meio sem saber como lidar com o fato de estar só, talvez não tenha "explorado"

totalmente o que a viagem poderia ter me dado. Mas, absorvendo totalmente o que me deu.

Esta foi a viagem que "era prá ser!". E, com certeza, "saio dela" mais forte, sabendo que posso -

não me perdi...não enfrentei situações que não conseguisse resolver....encontrei amigos "estranhos"....

recebi muita ajuda, antes  e durante a viagem!

Fui Feliz!!! Sou Feliz!!

Um único sentimento : Gratidão!! Gratidão!! Gratidão!!

Yucumã, "Grande Roncador",  Voltarei!!!!

Outras fotos do Yucumã -

                               

                                                                                                    foto do site fpop.com.br.jpg

do Museu....

           

                                                                                        Esta cachoeira não é aberta a visitação

 

 

Um pouco da história do Yucumã, contada em fotos no Museu do Parque do Turvo.....

       

                   

LINKS INTERESSANTES

https://mochilabrasil.uol.com.br/destinos/salto-do-yucuma

https://eobixopegando.blogspot.com.br/2014/05/parque-estadual-do-turvo-rs-br.html

https://renatogrimm.com/bemtevi/salto-do-yucuma/

https://www.derrubadas-rs.com.br/        

https://www.turismoyucuma.com.br/

https://www.derrubadas-rs.com.br/

https://www.tenenteportela.rs.gov.br/